Surgem as três estrelas
O terceiro título Mundial de Futebol, além de proporcionar a conquista definitiva da Taça Jules Rimet (roubada em 1983, para ser derretida e vendida em barras de ouro), foi mais que um ótimo motivo para a inclusão de estrelas na Camisa do Brasil, como um registro deste feito.
A “Malhas Athleta”, principal fornecedor naquele período, já havia desenvolvido um modelo com estrelas para a celebração dos 10 anos do primeiro título, em 1968, que não havia sido autorizado para o Mundial de 1970, pelo técnico João Saldanha.
Importante destacar que já em 1968, a “Malhas Athleta”, que fornecia o material esportivo para a maioria dos grandes clubes brasileiros, incluía a citação na etiqueta: “USADA PELOS BICAMPEÕES MUNDIAIS” (em caixa alta, como nas etiquetas).
Figura 1: Etiqueta da Athleta - Camisa do Clube Atlético Paranaense - ca. 1969 (Acervo: Cezar Galhart)
Mas, após o retorno dos Campeões ao Brasil, a CBD autorizou a inclusão das estrelas, sendo três estrelas amarelas acima do escudo (distintivo) da CBD, e três estrelas amarelas para o segundo uniforme (azul), da mesma forma.
A “Malhas Athleta” apressou-se e atualizou a etiqueta: : “USADA PELOS TRI-CAMPEÕES MUNDIAIS”. Também, a partir deste período, ficou conhecida como “a marca das três estrelas” (mudando o padrão da logomarca da empresa, em dourado, com a inclusão das estrelas, também douradas).
Figura 2: Etiqueta da Athleta - Camisa do Clube Atlético Paranaense ca.1971 (Acervo: Cezar Galhart)
A Seleção estreou esta camisa em um amistoso contra o México, no dia 30 de setembro de 1970, no Estádio do Maracanã, com uma vitória de 2 a 1 (gols de Jairzinho e Tostão).
Mesmo com a mística da “Amarelinha”, agora “fortalecida” com as estrelas, a campanha nos anos que antecederam o Mundial da Alemanha não foi compatível com a grandeza das conquistas anteriores.
Visivelmente influenciada pelos padrões táticos europeus (sistemas que foram denominados de “futebol-força”), a Seleção teve resultados fracos e questionados, que provocaram desconfiança e até rompimento com a imprensa.
Em 1972, a participação na Taça Independência, conquistada pelo Brasil, mas com resultados pouco expressivos, similar aos resultados nos amistosos que se sucederam.
Camisa do Mundial de 1974
No primeiro Mundial que colocaria em disputa a novíssima Taça FIFA, a Seleção seria novamente conduzida por Zagallo, com alguns Campeões, mesclados com alguns atletas do Palmeiras, bicampeão brasileiro.
Na preparação “extra-campo”, poucas novidades. A CBD retomou a parceria com a Superball como fornecedora oficial de material esportivo.
O Brasil entraria em campo no Mundial de 1974 com o modelo consagrado pela Athleta. E com as duas marcas estampadas na etiqueta, unidas na confecção e fornecimento do material esportivo para a Seleção na competição. No material de confecção, algodão com fio 24.1 Penteado (o que conferia às camisas maior resistência - mas também, mais pesadas).
Na estreia do Grupo 2, com a Camisa Amarela, no dia 13 de junho, a Seleção ficaria em um empate sem gols com a Iugoslávia, em Frankfurt. Marcado pela violência e pela falta de inspiração, caracterizava uma equipe desorganizada e apática (justificada pela falta de entrosamento, pois a formação nunca havia jogado antes).
Na segunda partida, com a mesma camisa, cinco dias depois, com algumas alterações, outro empate, pelo mesmo placar, com a Escócia, na mesma cidade.
Na última partida da primeira fase, também com o uniforme principal, uma goleada de 3 a zero contra a fraca equipe do Zaire. Pela inexperiência do adversário, seria impossível uma avaliação para a evolução da Seleção.
Na fase semifinal, o Brasil disputaria uma vaga no Grupo A, que teria como adversários a poderosa Holanda, além da Alemanha Oriental e Argentina.
Na primeira partida da segunda fase (semifinal), em Hannover, uma magra vitória sobre a Alemanha Oriental por 1 a 0, com um gol de falta de Rivellino. Mais uma vez, a camisa amarela seria usada, como um talismã.
No dia 30 de junho, na mesma cidade, a segunda partida contra a Argentina, e nova vitória, de 2 a 1, gols de Jairzinho e Rivellino. Como novidade, a Seleção jogou com o segundo uniforme, com camisas na cor azul marinho e calções brancos.
A última partida desta fase, seria diante da Holanda, no dia 3 de julho, em Dortmund. A Seleção Holandesa, liderada pelo versátil capitão Johann Cruyff, já havia goleado os outros adversários do mesmo grupo, e não permitiu que o Brasil oferecesse alguma resistência, uma vez que a Seleção jogava defensivamente. Resultados, 2 a zero para a “Laranja Mecânica” – o Brasil jogou com o uniforme azul-marinho, e a Holanda, com camisa e calção brancos.
Com essa derrota, o Brasil ainda disputaria a decisão pelo terceiro lugar contra a Polônia, que havia sido Campeã Olímpica em 1972. Zagallo promoveria cinco substituições, mas que não foram suficientes: 1 a zero para a equipe do artilheiro do Mundial, o ótimo meio-campista Grzegorz Lato. A Polônia jogou com camisa e calção, ambos de cor vermelha, e o Brasil, camisa amarela e calção branco.
As constantes mudanças de uniformes seriam proporcionais às mudanças na equipe, e a Seleção ficaria com um decepcionante quarto lugar.
Time-base no Mundial de 1974: Leão (Palmeiras) no gol; Zé Maria (lateral-direito, Corinthians), Luís Pereira (Palmeiras), Marinho Peres (Santos) e Marinho Chagas (lateral-esquerdo, Botafogo) na zaga; Carpegianni (Internacional), Dirceu (Botafogo), Rivellino (Corinthians) e Paulo César (Flamengo) no meio-campo; Valdomiro (Internacional) e Jairzinho (Botafogo) no ataque.
Fontes de pesquisa:
50 anos de emoção e gol: a história da copa do mundo. Revista Oficial da CBF, Rio de Janeiro, pp. 7-8, Bloch Editores, 1980.
BIENK, Helmut. Fußball-WM‘74. Der große Sieg. In Farbe: Die besten Fotos, die schönsten Tore. Offenburg (DEU): Burda Vlg., 1974.
El Libro de Oro del Mundial – 1930 – 1998. Buenos Aires: Clarín, 1998. GLANVILLE, Brian. O Brasil na Copa do Mundo. Porto Alegre: Editora Lux, 1973.
HAY que cambiar o seguimos igual. Revista Puro Fútbol, Buenos Aires, p. 17, 1974.
TODAS as Copas. Lance! – O diário dos Esportes, São Paulo, pp. 8-34, 1998.
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