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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Camisas da Seleção nos Mundiais de 1962 e 1966

O título conquistado na Suécia em 1958 rendeu aos atletas da Seleção a condição de heróis e ídolos nacionais.


O mercado publicitário soube explorar muito bem a oportunidade, e já no final da década de 1950 os principais jogadores ocupavam páginas inteiras nos “informes publicitários” das revistas de maior circulação, e invariavelmente apareciam em programas, que eram transmitidos ao vivo, das emissoras de televisão: TV Tupi, TV Paulista e TV Record.

Com esse cenário festivo, a Seleção defenderia pela primeira vez o título no Mundial do Chile, país definido para sediar a competição em 1962.

Recordando: em julho de 1946, após um acordo de bastidores, o Brasil seria sede do Mundial de 1950 e a Argentina seria a sede do próximo mundial na América do Sul. O que ocorreu para a escolha do Chile?

Em um congresso da FIFA, realizado em Lisboa em 1956, com as candidaturas da Argentina e Chile para o mundial de 1962, este ganhou o direito para realizar o evento, mesmo sem estrutura disponível. A Argentina, não conseguiu o número de votos e nem a credubilidade para os argumentos apresentados na defesa da candidatura.

Até a realização do Mundial, o Chile teve muito problemas, de ordem econômica para a preparação do evento, agravados por um intenso terremoto em maio de 1960. Mas conseguiu entregar os estádios e acomodações com antecedência de 30 dias da abertura do evento.

Neste contexto, criou-se uma expectativa considerável, em relação ao Mundial.

Mas para a Seleção, poucas mudanças. Com a máxima de que “em time que ganha não se mexe”, a CBD manteve sabiamente Paulo Machado de Carvalho como o chefe da delegação brasileira no Chile. Vicente Feola deixou o comando técnico para ser ocupado pelo ótimo Aymoré Moreira. Para a competição, a maior parte do elenco Campeão na Suécia foi mantida: Gilmar, Djalma Santos, Nílton Santos, Zito, Garrincha, Didi, Vavá, Pelé e Zagallo.

Para a camisa, poucas alterações. A Malharia Athleta, fornecedora oficial das camisas e material de treino, preservou o padrão adotado para as camisas anteriores (gola em “V” com abas largas). Com a possibilidade das baixas temperaturas do Chile no período, apresentou uma inovação na camisa: um sistema de fechamento do corte frontal da gola que permitia a camisa em se transformar em “pólo” com um botão.


Figura 1: Seleção no Mundial do Chile em 1962.

A numeração nas camisas voltou a ser em cor azul, nos mesmos padrões utilizados no Mundial de 1954 (números retilíneos – também denominados “quadrados”).

Também, os jogadores disputaram todas as partidas com camisas de mangas longas, mesmo a Athleta ter preparado um uniforme principal reserva de mangas curtas para a competição. Seria esta mais uma estratégia de Paulo Machado de Carvalho, adotada após a estreia com vitória 2 a zero contra o México, no dia 30 de maio. Afinal, “em time que ganha não se mexe”.

No empate sem gols contra a Tchecoslováquia, no dia 02 de junho, algo inesperado ocorreu: Pelé sofreu uma distensão muscular e terminou naquela partida a participação no Mundial.

Amauri substituiria Pelé em grande estilo no jogo seguinte, quatro dias depois: marcou os gols do Brasil na polêmica vitória contra a Espanha, que saiu na frente, mas perdeu de 2 a um.

Nas quartas-de-finais, vitória de 3 a um na Inglaterra, no dia 10 de junho, com dois gols de Garrincha.

Na disputa da vaga para a final contra o país-sede, realizada três dias pós a última partida, vitória de 4 a 2 contra o Chile, naquele que foi considerado por muitos o melhor jogo do Mundial.

Na final, realizada no dia 17 de junho, o Brasil conseguiria o Bicampeonato Mundial com uma vitória de 3 a um contra a Tchecoslováquia.

Foi o segundo título Mundial, o verdadeiro Bicampeonato (consecutivo), e começava ali a mística da “Amarelinha”...

Seleção Campeã do Mundo em 1962: Gilmar (Santos) e Castilho (Fluminense) para o gol; Laterais: Djalma Santos (Palmeiras), Nílton Santos (Botafogo), Jair Marinho (Fluminense) e Altair (Fluminense) como laterais; Mauro (capitão)(Santos), Bellini (São Paulo), Zózimo (Bangu) e Jurandir (São Paulo) na zaga; Zito (Santos), Didi (Botafogo), Zequinha (Palmeiras), Mengálvio (Santos) no meio campo; Garrincha (Botafogo), Zagallo (Botafogo), Vavá (Palmeiras), Pelé (Santos), Jair da Costa (Portuguesa de Desportos), Coutinho (Santos), Amarildo (Botafogo) e Pepe (Santos) no ataque.


Mundial de 1966

A escolha pela Inglaterra ocorreu no Congresso da FIFA realizado em 1960, em Roma (Itália), pelo lobby persuasivo do futuro presidente da FIFA, Sir Stanley Rous (que presidiu de 1961 a 1974).

Mais uma vez, a expectativa era enorme para a participação da Seleção.

Entretanto, ao contrário das participações anteriores, problemas diversos impactaram no desempenho do Brasil.

Vicente Feola voltou ao comando técnico da Seleção, e disputas “extra-campo” provocaram desgastes na condução do time principal: elenco indefinido até a véspera (houve até erro na convocação), viagens cansativas e a mudança do preparador Paulo Amaral para professor de judô Rudolf Hermanny (questionado pelos métodos de preparação inadequados).

Se na preparação do Brasil as mudanças foram significativas, as camisas sofreram poucas alterações. Aliás, foi utilizado o mesmo modelo de camisas que vestiram os atletas em 1954: camisa amarela de mangas curtas com gola em “V” e abas largas (verdes), numeração das camisas em cor azul (traçado retilíneo), e fornecidas exclusivamente pela Malharia Athleta.

Figura 2: Seleção no Mundial do Chile em 1966.

Um dos fatos mais curiosos da competição esteve relacionado à Taça Jules Rimet: ela foi roubada de uma exposição no Central Hall de Westminster, 90 dias do início do evento. A Scotland Yard agiu rapidamente e prendeu um dos “sequestradores” (que pediam 15 mil libras de resgate), mas ele não colaborou em divulgar o paradeiro do troféu. Um cão vira-lata chamado Pickles encontrou a Taça Jules Rimet enrolada em jornais, embaixo de arbustos em uma praça na região sul da capital inglesa.

Com todos esses fatos, o Brasil estreou no dia 12 de julho, em Liverpool, com vitória de 2 a zero contra a Bulgária, com gols de Pelé e Garrincha. Inclusive, esta seria a última partida que os dois gênios da bola disputariam juntos com a camisa da Seleção. Ambos chegaram no Mundial de 1966 sem a plena condição de jogo.

Na partida seguinte, na mesma cidade, três dias depois, derrota para a Hungria por 3 a 1, com gol relâmpago de Bene (com pouco mais de 1 minuto de jogo), e domínio dos húngaros no segundo tempo. Tostão marcou para o Brasil.

E o Brasil encerrou a participação com uma derrota para Portugal pelo mesmo placar de 3 a um, no dia 19 de julho, também em Liverpool, com uma exibição exuberante de Eusébio (maio jogador português da História), que marcou duas vezes, e o único gol brasileiro marcado por Rildo.

Time base para o Mundial de 1966: Gilmar (Santos) no gol; Bellini (São Paulo) e Altair (Fluminense) na zaga; Djalma Santos (Palmeiras), Denílson (Fluminense), Paulo Henrique (Flamengo) e Lima (Santos), no meio-campo; Garrincha (Corinthians), Jairzinho (Botafogo), Pelé (Santos) e Alcindo (Grêmio) no ataque.


Fontes de pesquisa:

50 anos de emoção e gol: a história da copa do mundo. Revista Oficial da CBF, Rio de Janeiro, pp. 7-8, Bloch Editores, 1980.
GLANVILLE, Brian. O Brasil na Copa do Mundo. Porto Alegre: Editora Lux, 1973.
TODAS as Copas. Lance! – O diário dos Esportes, São Paulo, pp. 8-34, 1998.

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