Aspectos que antecederam o Mundial
O Mundial de 1998 mal havia acabado, e a necessidade de resposta imediata (como medida de “esquecimento”) passou por uma reformulação completa.
Vanderlei Luxemburgo – clamor popular – assume o comando técnico. No campo, amistosos. Empate com a Iugoslávia (1 a 1) e goleadas no Equador e Rússia (ambos, 5 a 1), tentaram amenizar o amargor da derrota.
As camisas não sofreram mudanças. Em 1999, um início preocupante – derrota para a Coréia do Sul – mas outros 5 amistosos positivos antes da Copa América (3 vitórias – Japão, Holanda e Letônia -, e 2 empates – Barcelona e Holanda).
Na Copa América, na estreia, goleada e atuação memorável de Ronaldinho (Gaúcho), o Brasil se sagrou campeão invisto, com 6 vitórias. Na Copa das Confederações, vice-campeão, derrotado na final pelos anfitriões (México).
O ano terminaria com quatro amistosos (1 derrota e 1 vitória contra a Argentina, e um empate com a Holanda, além de empate sem gols contra a Espanha, sob o comando de Candinho (auxiliar).
Com uma goleada de 7 a zero, em amistoso contra a Tailândia, a Seleção iniciaria o ano de 2000 com um novo uniforme. Simples, mas emblemático, foi fora confeccionado em clara homenagem à Seleção de 1970, com a mesma gola redonda, em um tom amarelo similar àquele utilizado pela Athleta. O Brasil voltou a disputar um torneio classificatório para o Mundial de 2002, pela primeira vez realizado na Ásia, em dois países: Japão e Coréia.No torneio, resultados questionados: 2 empates (Colômbia e Uruguai), 2 derrotas (Paraguai e Chile) e 4 vitórias (Equador, Peru, Argentina e Bolívia). Mesmo com a vitória de 3 a 1 na Argentina, esses resultados derrubaram Luxemburgo (de fato, foram acusações extra-campo que demitiram o treinador).
Candinho assumiu para uma partida, goleada de 6 a zero na Venezuela. O posto foi oficialmente ocupado por Emerson Leão, que estreou com vitória de 1 a zero, contra a Colômbia, em São Paulo.
Ainda no mesmo torneio, mas em março de 2001, uma derrota (Equador) e um empate (Peru), antes da Copa das Confederações. Nesta competição, um 4.º lugar, e Leão foi demitido “por telefone”.
Novo clamor popular, e Luiz Felipe Scorali, o “Felipão” assumiu, com derrota para o Uruguai (1 a zero) em Montevideo.Na sequência, derrota também na estreia da Copa América, com a Seleção desclassificada nas Quartas-de-Final. Nesta competição, ficou clara a intenção de Felipão em desenvolver uma equipe com forte marcação, e o criticado esquema 3-5-2.
De volta ao torneio classificatório para o Mundial, 3 vitórias (Paraguai, Chile e Venezuela) e 2 derrotas (Argentina e Bolívia). Mesmo assim, classificou-se com uma campanha frustrante.
A Camisa no Mundial de 2002, a volta de Ronaldo e a “Família Scolari”
Com a Seleção classificada na última rodada para o Mundial, o técnico Felipão conduziu as equipes em 7 amistosos. Equipes, o plural, pelas diversas mudanças, na busca de um elenco que mesclasse jogadores experientes, e promessas, reveladas no Campeonato Brasileiro de 2001.
O melhor exemplo de jogador experiente foi Ronaldo. Ele, que havia sofrido uma convulsão horas antes da final contra a França em 1998, também passara por duas graves lesões no joelho, retornando à Seleção em uma vitória de 1 a zero contra a Iugoslávia. Como promessas, Kaká (São Paulo), Gilberto Silva (Atlético-MG) e Kléberson (Campeão Brasileiro em 2001 com o Atlético Paranaense).
O sorteio pré-Mundial, o Brasil caiu como cabeça-de-chave do grupo C, e jogou a primeira fase na Coréia do Sul. Como adversários, Turquia, Costa Rica e China.
No melhor estilo “bruxa à solta”, o capitão Emerson, na véspera da estreia contra a Turquia, no reconhecimento do Estádio de Ulsan, sofreu uma luxação no ombro em uma brincadeira (tentou atuar como goleiro). Para o seu lugar, foi chamado Ricardinho, então meio-campo do Corinthians.
Para o Mundial, o uniforme foi renovado em estética e tcnologia. A camisa amarela lisa tinha, como detalhes, linhas horizontais na cor verde, que ficavam em cima dos ombros na linha das mangas. E outras duas, mais espessas, foram aplicadas na região lateral, semi-triangulares. O uniforme azul era semelhante, mas a cor verde das linhas foram substituídas pelo branco, mesma cor do calção.
A principal tecnologia aplicada ao uniforme se relacionava à utilização de duas camadas de tecido, reduzindo em 13% o peso, em relação à anterior. A camada interna fora confeccionada em dri-fit (melhor absorção do suor e mais rápida evaporação). A externa, confeccionada em coolmotion (tecido com fios de elastano, impermeável e de grande maleabilidade).
No dia 3 de junho, o Brasil venceu a Turquia por 2 a 1, com gols de Ronaldo e Rivaldo. Cinco dias depois goleou a China por 4 a 0 (Roberto Carlos, Rivaldo, Ronaldinho e Ronaldo), em Seogwipo, e no dia 13 de junho, goleou a Costa Rica por 5 a 2 (Ronaldo – duas vezes, Edmilson, Rivaldo e Junior). Considerada uma chave fraca, o que permitiu ao treinador ir corrigindo os defeitos da equipe sem comprometer os resultados.
Nas Oitavas-de-final, a Seleção venceu a Bélgica (2 a 0), com gols de Rivaldo e Ronaldo. Pela primeira vez, a Seleção jogaria no Japão (Kobe).
Nas Quartas-de-final, também no Japão (Fukuroi) o adversário foi a Inglaterra. Michael Owen abriu o placar, após falha de Lúcio, mas Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho viraram (2 a 1) para o Brasil. Este foi o único no qual a Seleção jogou com o uniforme azul no Mundial de 2002.
Na Semifinal, ainda no Japão (Saitama) um novo confronto com a Turquia, e muita dificuldade para vencer por 1 a 0, com um gol de Ronaldo.
Na Final, em Yokohama (Japão), Brasil e Alemanha se enfrentaram pela primeira vez numa final de Mundial de Futebol. Vitória brasileira por 2 a 0, dois gols de Ronaldo, artilheiro do campeonato, com oito gols.
O Brasil tornou-se o único país a ter conquistado títulos em todos os continentes nos quais o Mundial foi disputado. Ao final, a Seleção ganhou o 5.º título mundial (uma quinta estrela na camisa) e a equipe de Felipão o apelido de “Família Scolari”.
Seleção Campeã do Mundo em 2002: Marcos (Palmeiras), Dida (Corinthians) e Rogério Ceni (São Paulo) para o gol; Lúcio (Bayer Leverkusen-ALE), Roque Júnior (Milan-ITA), Edmilson (Lyon-FRA) e Ânderson Polga (Grêmio) para a zaga; Cafu (Roma-ITA) e Beletti (São Paulo) para a lateral-direita; Gilberto Silva (Atlético-MG), Kléberson (Atlético Paranaense) e Vampeta (Corinthians) como volantes; Roberto Carlos (Real Madrid-ESP) e Júnior (Parma-ITA) para a lateral-esquerda; Ricardinho (Corinthians), Juninho Paulista (Flamengo), Kaká (São Paulo) e Ronaldinho Gaúcho (PSG-FRA) para o meio-campo; Rivaldo (Barcelona-ESP), Denilson (Betis-ESP) Edilson (Cruzeiro), Luizão (Grêmio) e Ronaldo (Internazionale-ITA).
Fontes de pesquisa:
LANCELLOTTI, Silvio. Almanaque da Copa do Mundo. Porto Alegre: L&PM, 1998.
RADNEDGE, Keir. Guia da Copa do Mundo 2002. Rio de Janeiro: Gryphus, 2002.
SILVA, Marcos Sergio. O Brasil nas Copas. São Paulo: Editora Alameda, 2010.
SIMÕES, Alexandre. Almanaque da Seleção. Belo Horizonte: Editora Leitura, 2010.
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