CLICK HERE FOR BLOGGER TEMPLATES AND MYSPACE LAYOUTS »

quarta-feira, 12 de maio de 2010

A camisa da Seleção nos primeiros Mundiais de Futebol

Por incrível que pareça, a camisa que o Brasil usaria no mundial do Uruguai, em 1930 foi um dos motivos do “racha” que determinaria o elenco e o desempenho da seleção nas primeiras Copas do Mundo.

Nos meados da década de 1930, duas eram as instituições que regiam o futebol brasileiro. A primeira, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), sediada no Rio de Janeiro, que era a Capital do Brasil na época do Mundial, e era o grande centro financeiro, social, cultural e artístico do país.

A segunda, a Associação Paulista de Esportes Atléticos (Apea), em São Paulo, “capital do café”, como tal pela conjuntura econômica baseada predominantemente na produção dessa semente. Por este motivo, São Paulo crescia rapidamente e assumia o comando político do país.

Se no campo político e econômico a rivalidade se desenvolvia, nas quatro linhas a disputa só aumentava.

A camisa apresentada pela CBD para o Mundial de 1930 estampava o mesmo escudo criado em 1917, desconsiderando a existência da Apea. Também, fora definido o padrão do uniforme, com a camisa totalmente branca*, com gola “pólo” também branca, e calções azuis-marinho conforme a figura abaixo (a Apea tinha uma logo com predominância do vermelho).

Figura 1: Seleção no Mundial de 1930.
Camisas mangas longas, brancas, com golas em estilo "pólo" e escudo da CBD bordado no peito, à esquerda.


Para piorar, a CBD não convidou membros da Apea a participarem da comissão técnica que iria ao Uruguai.

Em contrapartida, a Apea não permitiu que clubes de São Paulo liberassem jogadores à seleção. Exceção ao atacante Araken Patuska, que conseguiu fazer parte da seleção por indisposições com o Santos, clube ao qual estava vinculado.

Com uma equipe formada quase que somente com jogadores cariocas, a seleção viajou por 15 dias para Montevidéu.

Com essa viagem desgastante, e limitações na qualificação do elenco, o Brasil entrou em campo com mangas longas, em função do rigoroso inverno uruguaio (nas partidas a média da temperatura era de 0ºC).
A malha das camisas era formada por fios de algodão do tipo 20.1 (mais grossos, e portanto, pesados) e possivelmente as camisas foram adquiridas ena capital uruguaia.

O Brasil assim foi derrotado na estréia pela Iugoslávia por 2 a 1 (gol brasileiro convertido pelo Preguinho, jogador do Fluminense) e goleou a Bolívia por 4 a 0, com dois gols de Moderato e outros dois de Preguinho.

Importante destacar que no primeiro Mundial, assim como nos dois subsequentes, os jogadores não recebiam numeração nas camisas, o que dificultava o trabalho dos narradores - e até dos técnicos, para a aplicação das "jogadas".

Time base para a Copa de 1930: Joel, no gol; Brilhante e Itália, na zaga; Hermógenes, Fausto e Fernando no meio-de-campo; Poly, Nilo, Araken, Preguinho e Teófilo, no ataque.

* OBS.: nos poucos registros fotográficos da Camisa da Seleção na Copa de 1930, nota-se que o tecido é uniformemente branco (sendo assim considerados para a pesquisa), muito similar à camisa da Seleção de 1917. Segundo o site da CBF, as golas eram azuis, como o uniforme do Campeonato Sul-americano de 1919.

Mundial de 1934

Para o Mundial de 1934, na Itália, não foram mantidos apenas a camisa e o padrão de jogo, mas os mesmos problemas com elenco, e conflitos entre paulistas e cariocas.


As camisas continuavam com o mesmo padrão de confecção. Desta vez, entretanto, forma levadas do Brasil (possivelmente confeccionadas pela Malharia Lundgren (que originou as Casas Pernambucanas, e era a mesma que coneccionava os uniformes da Marinha do Brasil, entre outros).

Em outra viagem de 15 dias, muito atletas engordaram, e o único treino antes da partida contra a Espanha não foi suficiente para evitar o pior: derrota por 3 a 1 e eliminação na primeira fase do torneio.


Figura 2: Seleção no Mundial de 1934.
Mesmo modelo da camisa usada no Mundial de 1930, com mangas curtas.


Time base para a Copa de 1934
: Pedrosa, no gol; Sílvio Hoffman e Luís Luz, na zaga; Tinoco, Martin e Canali, no meio-de-campo; Luisinho, Valdemar, Armandinho, Leônidas e Patesko, no ataque.



Mundial de 1938

Controvérsias históricas marcam a Camisa usada pela Seleção de 1938.

Na partida de estréia, contra a Polônia (vitória na prorrogação de 6x5) a Seleção, no sorteio dos uniformes, na véspera da partida, perdeu e teve que jogar com outro uniforme, pois a Polônia também usava uma camisa toda branca. Como a delegação não possuía uma segundo uniforme, membros da comissão técnica compraram uma camisa azul escuro, em Strassbourg com gola pólo, para combinar com os calções.


Figura 3: Seleção no Mundial de 1938 - jogo Brasil 6 x 5 Polônia.


Nas outras quatro partidas, contra a Tchecoslováquia (duas partidas, pois com o empate no primeiro jogo, o desempate era remarcado dois dias após), derrota de 2x1 para a Itália e vitória de 4x2 na Suécia, camisa com gola em “V”, azul. Estas, fornecidas pela Superball - Cia. Brasileira de Equipamentos Esportivos. Ao todo, foram seis partidas, e duas camisas.



Figura 4: Seleção no Mundial de 1938 - jogo Brasil 1 x 2 Itália.
Camisa branca com gola em "V" e calção azul-marinho.



Time base para a Copa de 1938: Batatais e Valter Goulart para o gol; Domingos da Guia, Machado, Jaú e Nariz para a zaga; Zezé Procópio, Martim Silveira, Afonsinho, Brito, Brandão e Argemiro no meio-de-campo; Lopes, Romeu Peliciari, Leônidas da Silva, Peracio, Hércules, Roberto, Luisinho, Niginho, Tim e Patesko no ataque.


Fontes de pesquisa:


50 anos de emoção e gol: a história da copa do mundo. Revista Oficial da CBF, Rio de Janeiro, pp. 7-8, Bloch Editores, 1980.

Copa do Mundo de Dois em Dois. Arquibancada Blog Clube. Disponível em: http://www.arquibnacadablogclube.com.br
GLANVILLE, Brian. O Brasil na Copa do Mundo. Porto Alegre: Editora Lux, 1973.

TODAS as Copas. Lance! – O diário dos Esportes, São Paulo, pp. 8-34, 1998.

0 comentários: