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domingo, 23 de maio de 2010

A Camisa da Seleção no Mundial de 1978

Depois da decepcionante campanha no Mundial de 1974, a CBD promoveria mudanças significativas em todos os aspectos.


Algumas ocorreram com naturalidade e sem interferência da instituição, outras provocadas por circunstâncias diversas.

A Athleta continuaria como fornecedora do material esportivo nos anos subsequentes, mas nas vésperas do Mundial da Argentina, fechou as portas, em função dos consecutivos planos econômicos (impactantes para a maioria das empresas familiares brasileiras) e pela ascensão de outras empresas concorrentes, como as nacionais Topper (fundada em 1975), Penalty (fundada em 1970) e Dellerba (fundada em 1978), e multinacionais como a adidas, que se instalou no Brasil (São Paulo) em 1973.

Em função de parcerias e interesses estratégicos, foi natural a aproximação da adidas à CBD. Assim, no final de 1976, fechavam o acordo para fornecimento exclusivo de material esportivo para a Seleção (o que incluía: material de treino, agasalhos, chuteiras, bolas e o uniforme completo de jogo).

A Seleção estreou os novos unformes da adidas no torneio classificatório para o Mundial de 1978 (realizado em 1977), o Brasil era comandado por Osvaldo Brandão, mas após um empate sem gols contra a Colômbia, o Brasil passa a ser comandado por Cláudio Coutinho, para surpresa de muitos. A Seleção faria uma excelente campanha, com goleadas históricas de 6 a zero na Colômbia, e 8 a zero na Bolívia.

Interessante destacar que a logomarca da adidas (“Trefoil” – três folhas, em francês, criado em 1971 mas usada pela primeira vez em 1972) aparecia apenas nos calções e meias, nas partidas da Seleção neste período. Somente em amistosos internacionais – e particularmente na turnê europeia de 1978 – que foram utilizadas camisas com a marca da adidas, e produzidas na França - na Ventex.

Para o Mundial de 1978, a adidas confeccionou camisas com mangas longas, pelo rigoroso inverno argentino, com dois uniformes: a tradicional camisa amarela com calção azul, e camisa azul-marinho com calção branco . As camisas não possuíam a identificação da fabricante (confeccionadas no Brasil), a não ser pelas 3 listras costuradas nas mangas. Os escudos com as três estrelas foram mantidos os mesmos em relação ao Mundial de 1974. Também, estas seriam as primeiras camisas confeccionadas em poliamida (nylon) e algodão.

Figura 1: Seleção no Mundial de 1978 - Uniforme principal.


Na primeira fase, a Seleção ficou no Grupo 3, tendo adversários três seleções européias: Áustria, Espanha e Suécia.

Para este grupo, a sede seria em Mar Del Plata, tendo como local de jogo o Estádio José María Minella, ou Mundialista (em referência ao fato de ter sido construído especialmente para o Mundial). Se nas arquibancadas as condições eram confortáveis, o gramado era muito ruim para um time técnico como da Seleção.
Na estreia, dia 3 de junho, empate de 1 a 1 com a Suécia, com gol de Reinaldo. Mas o fato mais significativo do jogo, muito acirrado, foi um gol legítimo de Zico, após um escanteio cobrado por Nelinho no último minuto. O árbitro galês Clive Thomas anulou o gol, e alegou que já havia encerrado a partida.

Na segunda partida contra a Espanha, quatro dias depois, uma atuação muito abaixo da expectativa, e um empate sem gols. A Espanha quase marcou – mas o zagueiro Amaral salvou um gol em cima da linha.
Para a última partida, contra a Áustria, no dia 11 de junho, Coutinho faria três alterações que foram decisivas. Zico, Reinaldo e Edinho saíram para a entrada de Jorge Mendonça, Roberto Dinamite e Rodrigues Neto. Não houve melhora significativa, mas a primeira vitória, 1 a 0, com gol de Roberto e classificação para a próxima fase.

Nesses três jogos a Seleção entrou em campo com a camisa amarela – interessante destacar que mesmo com a geração e transmissão das imagens em cores, a maioria da população na Argentina assistiu ao Mundial em Preto & Branco.

Na fase semifinal (em um formato idêntico ao Mundial de 1974), na primeira partida em Mendoza, uma convincente vitória por 3 a 0 sobre o Peru, no dia 14 de junho.
No segundo confronto, um disputado jogo contra os “donos da casa”, em Rosario, no dia 18. A equipe brasileira jogou com garra, determinação, e até teve chance para conseguir uma vitória, mas terminou com um empate sem gols.

Três dias depois, as duas seleções, da Argentina e do Brasil, entrariam em campo para a decisão do finalista, e de quem disputaria o terceiro lugar. Por um sorteio confuso, decidiu-se que o Brasil jogaria mais cedo, em Mendoza, contra a Polônia, que terminou com uma vitória brasileira por 3 a 1. Esta foi a única partida disputada com a camisa azul-marinho.

Figura 2: Seleção no Mundial de 1978 - Uniforme n.º 2 - Polônia 1 x 3 Brasil


Mais tarde, a Argentina entraria em campo, e a decisão seria no saldo de gols. Resultado: goleada por 6 a 0, sobre uma desorganizada seleção peruana, em Rosario.

Com isso, o Brasil disputou o terceiro lugar, no dia 24 de junho, em Buenos Aires, contra a Itália. Vitória por 2 a 1, de virada, com gols de Nelinho e Dirceu.

Revoltado, o técnico Cláudio Coutinho declarou à imprensa, já no Brasil, que a Seleção tinha sido a “campeã moral” do Mundial de 1978, com uma campanha invicta, resultando em 4 vitórias e 3 empates em 7 jogos, dez gols marcados e apenas três sofridos.

Time-base: Leão (Palmeiras) no gol; Nelinho (Cruzeiro) ou Toninho (Flamengo) na lateral-direita; Oscar (Ponte Preta), Amaral (Corinthians) e Edinho (Fluminense) na zaga; Rodrigues Neto (Botafogo) na lateral-esquerda; Batista (Internacional), Toninho Cerezo (Atlético-MG), Zico (Flamengo), Jorge Mendonça (Palmeiras) e Dirceu (Vasco) no meio-campo; Gil (Botafogo), e Reinaldo (Atlético-MG) e Roberto Dinamite (Vasco) no ataque.

Fontes de pesquisa:

50 anos de emoção e gol: a história da copa do mundo. Revista Oficial da CBF, Rio de Janeiro, pp. 7-8, Bloch Editores, 1980.
El Libro de Oro del Mundial – 1930 – 1998. Buenos Aires: Clarín, 1998.
GLANVILLE, Brian. O Brasil na Copa do Mundo. Porto Alegre: Editora Lux, 1973.
TODAS as Copas. Lance! – O diário dos Esportes, São Paulo, pp. 8-34, 1998.

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