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quarta-feira, 26 de maio de 2010

A Camisa da Seleção no Mundial de 1982

Antecedentes históricos, políticos e econômicos


A frustração para a 3.ª colocação no Mundial da Argentina, em 1978, foi mais um motivo para a implantação de um processo de reestruturação no futebol brasileiro.


De fato, o congresso da FIFA de 1978 aprovou um decreto com a exigência (esse termo mesmo) de que as instituições nacionais filiadas deveriam cuidar apenas do futebol. Isso não ocorria no Brasil, pois a CBD cuidava, e de forma insatisfatória, de outros esportes coletivos, e que desde 1935 havia deixado a organização das delegações que disputariam os Jogos Olímpicos sob a direção do Comitê Olímpico Brasileiro – COB.


A adidas ainda forneceria o material esportivo para os anos de 1978, 1979 e 1980, com camisas confeccionadas em poliéster e algodão, e poucas mudanças na camisa (detalhes nas golas e no escudo são percebidos, como a inclusão do nome “BRASIL” embaixo do escudo – e adotado, posteriormente na metade da década de 1980).


No dia 24 de setembro de 1979 foi fundada a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), desvinculando o futebol da Confederação Brasileira de Desportos (CBD). Como primeiro presidente, Heleno de Barros Nunes.


Mas, para os supersticiosos de plantão, as mudanças na instituição começariam diferentemente do desejável. Uma derrota e um empate para o Paraguai. Como primeira mudança, sai o técnico Cláudio Coutinho (mantido desde o Mundial da Argentina), e entra Telê Santana.


Sob o comando de Telê Santana, os resultados demoraram a agradar. Mesmo com vitórias – na maioria, com o placar mínimo ou diferença de apenas um gol – foi a partir de uma goleada de 6 a zero no Paraguai, em amistoso realizado no dia 30 de outubro de 1980, no Estádio Serra Dourada, que o panorama da Seleção mudou.


O último jogo com a camisa da adidas seria uma vitória de 2 a zero frente à Suíça no Estádio José Fragelli (Cuiabá), no dia 21 de dezembro de 1980.


Com o término do contrato com a adidas, a CBD assinou para o Mundialito de 1981, um novo contrato para o fornecimento de material esportivo com a Topper, que já produzia bolas de futebol, mas ingressaria no mercado de futebol em 1978, com uniformes e chuteiras (naquele momento, a Topper era referência para outro esporte coletivo: o vôlei).


Assim, seria mantido o escudo da camisa da Seleção (mesmo formato e 3 estrelas), mas com a mudança da sigla, de CBD para CBF. Também, a marca do patrocinador de material esportivo apareceria na lateral da manga esquerda das camisas. O padrão também seria mantido (golas arredondadas).


Então, em 1981, viria no início daquele ano o Mundialito no Uruguai. Na estreia, empate de 1 a 1 com a Argentina, e falta de paciência da torcida. No segundo jogo, goleada de 4 a 1 na Alemanha Ocidental (com o placar, no caso, não seria fiel ao que aconteceu durante a partida). Na final, derrota de 2 a 1 para o Uruguai.


Ainda nesse ano, a CBF firma um contrato com o IBC – Instituto Brasileiro do Café, no valor de CR$ 210 milhões. Um ramo de café passa a fazer parte do uniforme, no lado esquerdo da camisa (vista de frente).


Para 1982, uma mudança radical: após 65 anos, o escudo da Camisa da Seleção sofreria alteração, não na forma, mas no conteúdo. Com a aprovação do Conselho Nacional de Desportos houve a incorporação da Taça Jules Rimet, conquistada definitivamente pelo Brasil, e a inclusão de um ramo de café, proveniente do contrato entre a CBF e o IBC.


O desenho do escudo remodelado foi escolhido em um concurso realizado na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro.


Para a opinião pública e imprensa especializada, uma polêmica: teria a Seleção sido “vendida” para um patrocinador?


Seleção Canarinho e o Mundial de 1982 na Espanha


Uma Seleção que não conhecia derrota. Considerada por muitos como a melhor Seleção de todos os tempos (aquela de 1970 não entra em votação), a equipe montada por Telê Santana é reconhecidamente uma das mais lembradas de todos os tempos.


Antes do Mundial da Espanha, sofreu críticas pelo sistema tático. A formação que Telê Santana adotaria concentrava o meio-campo com jogadores de grande capacidade técnica permitindo que houvesse uma constante troca de posições entre os volantes e os meias.


Uma equipe que tinha Zico, Sócrates, Falcão, Junior, Éder, Leandro, Luizinho, só para citar alguns, configurava-se como favorita em quaisquer condições ou circunstâncias, e apresentava verdadeiros espetáculos, com passese dribles memoráveis.


Concentrada na cidade de Sevilla, a Seleção faria uma campanha impecável na primeira fase.

Figura 1: Seleção Canarinho no jogo de estreia contra a União Soviética - Mundial de 1982 (Espanha)



Na primeira partida, no dia 14 de junho, o Brasil venceu a União Soviética por 2 a 1 (gols de Sócrates e Éder). Quatro dias depois, goleou a Escócia por 4 a 1 (gols de Zico, Oscar, Éder e Falcão) e finalizou, no dia 23 de junho, com mais uma goleada: 4 a 0 sobre a Nova Zelândia (Zico por duas vezes, Falcão e Serginho).


Na fase seguinte, em Barcelona, uma disputa entre três campeões mundiais: Brasil, Itália, e Argentina. A Itália surpreendeu e venceu a Campeã Argentina por 2 a 1.


No dia 2 de julho, O Brasil conseguiria uma vitória fácil sobre a Argentina de 3 a 1, com gols de Zico, Serginho e Júnior. O meia Batista entraria na partida para fortalecer a marcação e anular Maradona. Apagado na partida, “El Dieguito” acabou expulso após uma entrada violenta no meia brasileiro.


Para conseguir a vaga para as semifinais, bastava um empate contra a Itália. Em uma das mais disputadas partidas da História dos Mundiais, o Futebol-Arte conheceria uma derrota que tiraria a Seleção do Mundial.


Mesmo derrotada, aquela Seleção ainda é reverenciada, e assim continuará. E também foi eternizada como a “Seleção Canarinho”, pela referência à Camisa amarelo-canário e uma canção, popularmente conhecida como “Voa Canarinho” (mas cujo nome real é “Povo Feliz” e foi gravada pelo lateral Junior).


Se continuasse na competição, enfrentaria a Polônia, provavelmente com o uniforme número 2 (azul).


Seleção Canarinho: Valdir Peres (São Paulo), Paulo Sérgio (Botafogo) e Carlos (Ponte Preta) para o gol; Leandro (Flamengo) e Edevaldo (Internacional) para a lateral-direita; Oscar (São Paulo), Luizinho (Atlético-MG), Juninho (Ponte Preta) e Edinho (Fluminense) para a zaga; Júnior (Flamengo) e Pedrinho (Vasco) para a lateral-esquerda; Toninho Cerezo (Atlético-MG) e Falcão (Roma-ITA) como volantes; Sócrates (Corinthians), Zico (Flamengo), Paulo Isidoro (Grêmio), Batista (Grêmio) e Renato (São Paulo) para o meio-campo; Éder (Atlético-MG) e Dirceu (Atlético de Madri-ESP) para a ponta esquerda; Serginho Chulapa (São Paulo) e Roberto Dinamite (Vasco) como centroavantes.



Fontes de pesquisa:


EDIÇÃO Especial da Copa. Revista Placar n.º 625, São Paulo, 1982 (Editora Abril).
GLANVILLE, Brian. O Brasil na Copa do Mundo. Porto Alegre: Editora Lux, 1973.
TODAS as Copas. Lance! – O diário dos Esportes, São Paulo, pp. 8-34, 1998.

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